Santinato & Santinato Cafés
  • 21/04/2020

REVISÃO Parte 1 - Resposta à Matéria Orgânica na Cultura do Café

Revisões dos trabalhos de café (espaçamento podas adubação e irrigação) Respostas e Recomendações (1946-2019)  

Dr. Felipe Santinato; Roberto Santinato; José Braz Matiello; Victor Afonso Reis Gonçalves; Carlos Diego da Silva

Acesse: www.santinatocafes.com

Dúvidas: fpsantinato@hotmail.com e 19-982447600 (whatsap)

Introdução e justificativa:  

A imensa maioria das publicações de trabalhos na cafeicultura ocorreram nos Anais do Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras de 1972 a 2019* do antigo IBC hoje Fundação Procafé. Em segundo plano muitas publicações relevantes foram feitas na Revista Bragantia (1941-2019) do IAC e Anais da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (1944—1991) da ESALQ e mais recentemente nos artigos da Coffee Science (2006-2019) da UFLA.

*Em 1982 não houve o Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras devido a realização do Congresso Internacional de Café em Salvador BA.

O enorme volume de informações trabalhos pesquisadores de diversas Instituições e regiões em sua maioria encontram-se apenas impressos e não indexados de forma que a obtenção das informações dos trabalhos mais antigos torna-se muito dificultosa principalmente pelos mais jovens pois na atualidade as buscas de revisões bibliográficas em seu predomínio ocorrem na internet.

Considero-me privilegiado em ter todos os Anais do Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras comigo (45) e diante disto pude fazer as revisões presentes neste documento e em futuros. Também por ter nessa equipe de publicação dois pesquisadores que participaram de todas as edições do Congresso e puderam fazer correções e considerações pertinentes.

A história começa no início da década de 1970” com trabalhos quase que todos focados no controle da ferrugem do cafeeiro na ocasião uma nova moléstia capaz de extinguir a cafeicultura nacional. As pesquisas em ferrugem continuaram evoluíram e ocorrem até hoje. Naquela época uma grande quantidade de trabalhos de bicho mineiro broca-do-café cigarras e seus controles também foram feitos. Também estudos sobre a prevenção e recuperação de plantas após o fenômeno da geada.

Mais adiante nos anos 1980” começaram a ser publicados os trabalhos base de calagem do cafeeiro realizados em várias regiões coordenados pelo antigo IBC. Depois vários trabalhos sobre níveis de N e K na formação das lavouras níveis e fontes de P2O5 na formação e produção do cafeeiro e fontes e formas de correção de micronutrientes e os primeiros trabalhos de herbicidas.

Também na década de 1980” ocorreram a publicação dos estudos de agroclimatologia com a indicação de viabilidade de plantios em novas regiões resultados de trabalhos de irrigação e arborização e matéria orgânica. Começaram a ser publicados e estes de muitas longas safras trabalhos de espaçamento e respostas a podas repetidos em inúmeras regiões e realizados até os dias de hoje. Naquela época inimagináveis combinações de distância entre plantas linhas número de plantas por cova remoção de linhas recepas alternadas foram estudadas para formar o conhecimento de espaçamento de densidade populacional que temos hoje.

Nas décadas de 1990 e 2000” uma enorme quantidade de trabalhos sobre micronutrientes K Mg foram realizados nas condições de Zona da Mata de Minas Gerais Cerrado Mineiro e nas novas regiões cafeeiras tais como Norte de Minas e Oeste Bahiano irrigação fertirrigação novas fontes de fertilizantes e iniciavam-se ali um grande número de trabalhos sobre colheita mecanizada do café.

Na última década ocorreram publicações sobre temas já desenvolvidos anteriormente porém adaptados para as novas situações em que se encontram a cafeicultura com espaçamento já em renque mecanizado áreas irrigadas e produtividades mais elevadas.

Ao longo de todas as décadas também foram publicados trabalhos sobre novas cultivares de café em ensaios instalados em todas as regiões produtoras e trabalhos de ordem morfológica/fisiológica com descobertas do funcionamento da planta café. Foram criados inúmeras técnicas invenções equipamentos adaptações para melhorar o trabalho do homem no campo métodos de análise e interpretação de resultados e etc. Também trabalhos base para formação de mudas produção de sementes estacas enxertia das quais no passado nada se sabia. Paralelamente a isto na Revista Bragantia e nos Anais da ESALQ haviam publicações sobre a composição mineral do cafeeiro estudo do sistema radicular respostas do cafeeiros a níveis de nitrogênio temperaturas ótimas para o cafeeiro efeito da luz no cafeeiro entre outros trabalhos clássicos.

Poucas culturas foram estudadas com tamanha intensidade como o cafeeiro no Mundo cabe a nós portanto trazer as informações à tona com uma análise e interpretação para a cafeicultura atual.

A Revisão foi feita compilando cerca de 400 trabalhos de pesquisa com múltiplas safras e será apresentada por Partes esta é a Parte 1.

Parte 1 - Resposta da Matéria orgânica na Cultura do Café:

Os primeiros trabalhos de utilização de matéria orgânica na cultura do café foram realizados pelos pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) nos solos LVE LVA e PVA do estado de São Paulo. Devido ao “esgotamento” dos solos dado pelo cultivo extrativista da cafeicultura da época houve a necessidade de repor nutrientes através de fertilizantes minerais e de matéria orgânica.

Tabela 1. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica na média de 15 safras (1931-1946) em Bourbom Vermelho (1000 plantas/ha) em Campinas SP.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 5
Adubação verde com feijão de porco 5
Esterco de curral (4 t/ha) 10
Palha de café (4 t/ha) 12
Fertilizante mineral (117 kg/ha da fórmula 15-5-15) 18
Esterco de curral + F. Mineral 13
Palha de café + F. Mineral 15

Fonte: Adaptado de Experimentação Cafeeira (1929-1963). Camargo et al. (1946).

Tabela 2. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica na média de 9 safras (1944-1953) em Bourbom Vermelho (1000 plantas/ha) em Pindorama SP.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Sem F. Mineral Com F. Mineral
Testemunha 15 18
Fertilizante Mineral (170 kg/ha de sulfato de amônio + 100 kg/ha de superfosfato simples + 70 kg de cloreto de potássio) 18 22
Adubação verde com feijão de porco 17 24
Esterco de curral (20 t/ha) 20 26
Palha de café (10 t/ha) 21 24

Fonte: Adaptado de Experimentação Cafeeira (1929-1963). Mendes et al. (1953).

Tabela 3. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica na média de 8 safras (1955-1963) em Bourbom Vermelho (1000 plantas/ha) em Mococa SP.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 12
Esterco de curral (10 t/ha) 16
N (450 kg/ha de sulfato de amônio) 25
Esterco de curral + N 28
P (200 kg/ha de superfosfato simples) 14
Esterco de curral + P 17
N + P 24
Esterco de curral + N + P 27
K (300 kg/ha de cloreto de potássio) 11
Esterco + K 20
N + K 26
Esterco de curral + N + K 25
P + K 11
Esterco de curral + P + K 18
N + P + K 26
Esterco de curral + N + P + K 29

Fonte: Adaptado de Experimentação Cafeeira (1929-1963). Lazzarini et al. (1963).

Tabela 4. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica na média de 11 safras (1948-1959) em Bourbom Vermelho (1000 plantas/ha) em Pindorama SP utilizando Esterco de curral na dose de 20 t/ha.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 7
Projeção da saia a 15 cm de profundidade 10
Projeção da saia a 30 cm de profundidade 9
Projeção da saia a 45 cm de profundidade 8
A um metro da saia a 15 cm de profundidade 10
A um metro da saia a 30 cm de profundidade 9
A um metro da saia a 45 cm de profundidade 10

Fonte: Adaptado de Experimentação Cafeeira (1929-1963). Sobrinho et al. (1959).

Tabela 5. Compilado de respostas do cafeeiro a adubação orgânica no Estado de São Paulo de 1960 média de 45 ensaios.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 25
Esterco de curral (20 t/ha) 31
Fertilizante mineral (330-150-200 kg/ha de NPK) 35
Esterco de curral + F. Mineral 38

Fonte: Adaptado de Secretaria da Agricultura 1960.

Tabela 6. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica na média de 9 safras (1960-1969) em Mundo Novo 3 x 2 m (1666 plantas/ha) em Batatais SP.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 0
Esterco de curral (10 t/ha) 13
½ Esterco de curral + NPKS 29
½ Esterco de curral + NPKS + Calagem 34
NPKS 8
NPKS + Micronutrientes 6
NPKS + Calagem 24
NPKS + Calagem + Micronutrientes 38

Fonte: Lazzarini et al. (1975) na Revista Bragantia.

Posteriormente a estes trabalhos o Instituto Brasileiro do Café (IBC) hoje extinto e atual Fundação Procafé passou a realizar experimentação agronômica de matéria orgânica na cafeicultura nas demais regiões produtoras. Foram realizados ensaios nas condições da Zona da Mata de Minas Gerais Espírito Santo Cerrado Mineiro e Bahiano Chapada da Bahia Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

Tabela 7. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica do plantio até a segunda safra (1980-1984) em Catuaí 35 x 15 m (1900 plantas/ha) em Patrocínio MG (Cerrado).

Tratamentos Produtividade somada das duas safras (sacas/ha)
Sem F. Mineral Com F. Mineral
Testemunha 1
F. Mineral (320-70-370 kg/ha de NPK) 27
Esterco de galinha (3 t/há) 29 48
Esterco de curral (9 t/há) 9 42
Palha de café (3 t/há) 6 28
Resíduo de fumo (3 t/há) 9 33
Turfa (45 t/há) 0.5 30
Borra de café (075 t/há) 4 29

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (1984) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 8. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 3 x 1 m (3333 plantas/ha) em Brejão PE (Nordeste) do plantio até a 2ª safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Sem F. Mineral Com F. Mineral
Testemunha 9
F. Mineral 17
Filtro Oliver (15 t/há) 16 30
Palha de café (17 t/há) 11 35
Esterco de curral (17 t/há) 13 23
Bio digestor (8 t/há) 11 23

Fonte: Adaptado de Dantas. et al. (1985) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 9. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Ensaio 1: Catuaí 4 x 15 m (1666 plantas/ha) em Venda Nova ES (Montanha) e Ensaio 2: Conillon 4 x 25 m (1000 plantas/ha) em Marilândia ES (Montanha) do plantio até a 3ª safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/há)
Catuaí Conillon
Testemunha 14 22
F. Mineral (120-30-90 kg/ha de NPK) 26 32
F. Mineral (72-18-90 kg/ha de NPK) 22 24
F. Mineral (36-9-27 kg/ha de NPK) 17 20
F. Mineral (72-18-90 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 8 t/há 31 30
F. Mineral (72-18-90 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 16 t/há 21 36
F. Mineral (36-9-27 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 8 t/ha 18 32
F. Mineral (36-9-27 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 16 t/ha 23 30
Esterco de galinha (8 t/há) 22 20
Esterco de galinha (16 t/há) 18 29

Fonte: Adaptado de Bragança. et al. (1985) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 10. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 35 x 15 m (1900 plantas/ha) em Varginha MG (Sul de Minas) lavoura adulta de 3 anos resultados na média de 7 safras.

Tratamentos Produtividade (sacas/há)
Testemunha 14
F. Mineral (266-76-266 kg/ha de NPK) 23
F. Mineral 70 + Esterco de curral (10 t/há) 31
F. Mineral 50% + Esterco de curral 20 t/ha 31
F. Mineral 25% + Esterco de curral 28 t/ha 32
Esterco de curral 38 t/ha 25

Fonte: Adaptado de Viana. et al. (1987) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 11. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 4 x 2 m (1250 plantas/ha) em Garanhuns PE (Nordeste) do plantio até a primeira safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/há)
Sem F. Mineral Com F. Mineral
Testemunha 5
Esterco de ovinos 6 t/ha 15 21
Esterco de ovinos 12 t/ha 16 22
Esterco de ovinos 18 t/ha 15 20
F. Mineral (750 kg/ha de 20-5-20) 10

Fonte: Adaptado de Dantas. et al. (1986) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 12. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 35 x 15 m (1900 plantas/ha) em Bandeirantes MS (Cerrado) desde o plantio até a 2ª safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 6
Esterco de curral 5 t/ha 12
Esterco de curral 10 t/ha 18
Torta de mamona 1 t/ha 18
Torta de mamona 2 t/ha 16
Esterco de galinha 1 t/há 16
Esterco de galinha 2 t/ha 20

Fonte: Adaptado de Seixas. et al. (1982) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 13. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Mundo Novo 4 x 2 m (1250 plantas/ha) em Nova Era MG lavoura adulta com seis anos resultados na média de 3 safras.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 17
F. Mineral (120-60-120 kg/há de NPK) 21
F. Mineral (90-30-105 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 2 t/ha 32
F. Mineral (60-0-90 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 4 t/ha 29
F. Mineral (0-0-60 kg/ha de NPK) + Esterco de galinha 6 t/ha 36

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (1983) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 14. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 2 x 07 m (7140 plantas/ha) em Martins Soares ES (Montanha) do plantio até a 3ª safra.

Tratamentos Aplicação do esterco
Enterrada Cobertura
Palha de café 10 t/ha 41 56
Palha de café 5 t/ha 38 40
Esterco de curral 10 t/ha 50 46
F. Mineral (400-0-400 kg/há de NPK) 32 43

Fonte: Adaptado de Barros. et al. (1999) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 15. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 2 x 1 m (5000 plantas/ha) em Três Pontas MG (Sul de Minas) do plantio até a 1ª safra.

Tratamentos 0 Gesso 500 kg/ha Superfosfato simples 500 kg/ha
0 7 12 16
Esterco de galinha 5000 kg/ha 23 20 23
Esterco de curral 20000 kg/ha 12 12 24

Fonte: Adaptado de Viana. et al. (1985) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 16. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 3 x 1 m (3333 plantas/ha) em Manhuaçu MG (Montanha) do plantio até a 3ª safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
½ NPK 8
NPK 14
½ Calcário 9
Calcário 14
½ Esterco 6
Esterco de galinha (5 t/ha) 16
½ Micro 9
Micros 13

Fonte: Adaptado de Oliveira. et al. (1986) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 17. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Mundo Novo 4 x 15 m (1666 plantas/ha) em Varginha (Sul de Minas) na média de 5 safras.

Tratamentos Produtividade (sacas/há)
Testemunha 16
F. Mineral 29
Palha total K e suplementação N e P 28
Esterco de galinha total P e suplementação N e K 37
Esterco de curral 50% do N e K e suplementação NPK 37
Retorno da palha e suplementação NPK 33

Fonte: Adaptado de Lacerda. et al. (1985) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 18. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 375 x 05 m (5333 plantas/ha) em Luis Eduardo Magalhães BA (Cerrado) do plantio até a segunda safra.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
F. Mineral 56
F. Mineral reduzida + Esterco de curral 12 t/há 66
F. mineral reduzida + Esterco de curral 24 t/há 65
F. Mineral reduzida + Esterco de galinha 3 t/há 59
F. Mineral reduzida + Esterco de galinha 6 t/há 58
F. Mineral reduzida + Esterco de frango 3 t/há 61
F. Mineral reduzida + Esterco de frango 6 t/há 60
Torta de mamona 1 t/há 60
Torta de mamona 2 t/há 60
Palha de café 2 t/ha 60
Palha de café 4 t/ha 62

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2001) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

Tabela 19. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 4 x 05 m (5000 plantas/ha) em Carmo do Paranaíba MG (Cerrado) em lavoura adulta de 6 anos resultados na média de 2 safras.

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)
Testemunha 53
F. Mineral (400-75-400 kg/ha de NPK) 62
F. Mineral reduzida em 25% + Esterco de galinha 3 t/ha 69
F. Mineral reduzida 35% + Esterco de galinha 6 t/ha 79
F. Mineral reduzida em 45% + Esterco de galinha 9 t/ha 75
F. Mineral  reduzida em 65% + Esterco de galinha 12 t/ha 61

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2007) no  Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 20. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) em Araguari MG (Cerrado) em lavoura adulta de 11 anos resultados na média de 4 safras.

Palha de café Produtividade
t/ha Sacas/ha
Mineral 37
25 + Mineral reduzida 39
5 + Mineral reduzida 45
10 + Mineral reduzida 44
20 + Mineral reduzida 33

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2013) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 21. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) em Araguari MG (Cerrado) em lavoura adulta de 11 anos resultados na média de 4 safras.

Esterco de galinha Produtividade
t/ha Sacas/ha
Mineral 48
E.Galinha 25 + Mineral reduzida 46
E.Galinha 5 + Mineral reduzida 49
E.Galinha 10 + Mineral reduzida 55
E.Galinha 20 + Mineral reduzida 47

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2013) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 22. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) em Araguari MG (Cerrado) em lavoura adulta de 11 anos resultados na média de 4 safras.

Esterco de Peru Produtividade
t/ha Sacas/ha
Mineral 45
E.Peru 25 + Mineral reduzida 47
E.Peru 5 + Mineral reduzida 49
E.Peru 10 + Mineral reduzida 47
E.Peru 20 + Mineral reduzida 45

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2013) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 23. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) em Araguari MG (Cerrado) em lavoura adulta de 11 anos resultados na média de 4 safras.

Esterco de Peru + Palha de café Produtividade
t/ha Sacas/ha
Mineral 52
E.Peru 25 + Palha de Café 125 + MR 49
E.Peru 5 + Palha de Café 25 + MR 50
E.Peru 75 + Palha de Café 375 + MR 53

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2013) no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Agora serão apresentados os últimos ensaios nossos de longa duração conduzidos nos municípios de Araxá por seis safras e Araguari por quatro safras testando fontes doses de matéria orgânica em trabalhos desde a formação da lavoura e em lavouras adultas.

Nesses apresentamos um maior detalhamento principalmente para a verificação dos aumentos de produtividade ocorridos na primeira safra quando utilizou M.O em relação a testemunha e a adubação exclusivamente mineral.

Table 24. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica do plantio até a sexta safra Araxá.

Tratamentos Produtividade (kg ha-1) R
Safra (%)
Média T2 T1
  Esterco de curral
Testemunha 1470 a 1626 b 2160 b 1608 a 2136 c 1182 a 1428 c -44 100
Mineral 3408 b 2334 ab 4770 a 1350 a 4914 ab 1500 a 3048 ab 100 113
5 t/ha + Mineral reduzida 3672 c 2418 ab 5430 a 1536 a 5250 ab 1542 a 3312 ab +8 131
10 t/ha + Mineral reduzida 4596 d 2736 ab 5322 a 1254 a 5238 ab 1350 a 3414 a +12 139
20 t/ha + Mineral reduzida 4008 c 2514 ab 5862 a 1536 a 5964 a 1350 a 3540 a +16 148
40 t/ha + Mineral reduzida 3786 c 2454 ab 4512 a 1404 a 4950 ab 1500 a 3102 ab +2 117
80 t/ha + Mineral reduzida 3750 c 1890 ab 4680 a 1614 a 4464 b 1350 a 2958 b -3 107
CV (%) 315 259 184 565 365 218 182    
  Esterco de galinha
Testemunha 1854 c 1608 b 1980 c 1620 a 1836 b 1134 a 1668 c - 43 100
Mineral 3846 b 2658 a 4752 b 1590 a 3666 a 1350 a 2976 b 100 + 78
25 t/ha + Mineral reduzida 4002 b 2808 a 5460 ab 2454 a 3678 a 1302 a 3282 a + 10 + 97
5 t/ha + Mineral reduzida 4314 b 2718 a 6252 a 1482 a 5136 a 1254 a 3522 a + 18 + 111
10 t/ha + Mineral reduzida 4536 a 2700 a 5202 ab 1920 a 4500 a 1188 a 3336 a +12 + 100
20 t/ha + Mineral reduzida 4464 a 2940 a 5982 ab 1458 a 4950 a 1278 a 3510 a + 18 + 110
CV (%) 30 17 18 50 31 18 20    
  Palha de café
Testemunha 1716 c 1500 a 2382 c 1272 a 1386 c 1272 a 1584 b - 43 100
Mineral 3798 b 2158 b 4530 ab 972 a 4236 ab 1188 a 2808 a 100 + 77
25 t/ha + Mineral reduzida 4236 ab 2472 b 5100 a 1368 a 5490 a 942 a 3264 a + 16 + 106
5 t/há + Mineral reduzida 4686 a 2736 b 5670 a 1026 a 4164 ab 1404 a 3276 a + 17 + 107
10 t/ha + Mineral reduzida 4848 a 2568 b 5742 a 1218 a 4182 ab 1308 a 3306 a + 17 + 107
20 t/ha + Mineral reduzida 4608 ab 2382 b 4962 a 1548 a 4986 ab 1470 a 3324 a + 18 + 109
CV (%) 26 25 21 65 27 32 18    
  Esterco de galinha + Palha de café
Testemunha 1470 c 990 b 2250 b 888 a 1872 c 1050 a 1416 c - 48 100
Mineral 4116 b 2064 ab 4400 a 936 a 4200 ab 600 a 2724 ab 100 + 92
25/125 t/ha + Mineral reduzida 4800 a 2826 a 5202 a 1092 a 5292 a 1200 a 3402 a + 25 + 140
5/25 t/ha + Mineral reduzida 5064 a 2694 a 4980 a 1776 a 5412 a 1272 a 3528 a + 29 + 149
75/375 t/há + Mineral reduzida 4614 a 2568 a 4842 a 1890 a 3426 b 810 a 3024 ab + 11 + 113
10/5 t/ha + Mineral reduzida 4722 a 2568 a 5472 a 1800 a 4572 ab 900 a 3336 a + 22 + 135
125/65 t/ha + Mineral reduzida 4650 a 3258 a 5592 a 1404 a 4464 ab 900 a 3378 a + 24 + 138
CV (%) 29.2 26 19 41 39 31 27    

Fonte: Adaptado de Santinato R. & Santinato F. (2020).

A seguir a exemplo da Tabela 5 apresentada anteriormente do IAC com resultados de 45 ensaios no Estado de São Paulo até a década de 1960” criamos esta Tabela com os principais resultados para cada localidade nível Brasil em que se realizou um experimento de matéria orgânica em cafeeiro simplificando os resultados equiparando-os com a testemunha e a adubação exclusivamente mineral para verificação dos possíveis ganhos em produtividade.

Tabela 25. Respostas do cafeeiro a adubação orgânica compilado de todos os ensaios simplificado.

Local Data da publicação Tipo de Solo Teor de argila (%) Teor de M.O (%) Testemunha Mineral Orgânico Orgânico + Mineral
Produtividade (sacas/ha)
Araguari 2014 LVA 32 25 - 52 - 53
Araxá 2013 LVE 41 25 23 50 - 59
Carmo do Paranaíba 2007 LVE 35 24 53 62 - 79
Luis Eduardo Magalhães 2001 AQ 11 06 - 56 62 66
Varginha 1985 LVA 36 32 16 29 - 37
Manhuaçu 1986 LVH 40 35 - 14 16 -
Martins Soares 1999 LVA 43 27 - 43 64 -
Nova Era 1983 PVA 50 3 17 21 - 36
Bandeirantes 1982 LVA 18 15 6 - 20 -
Garanhuns 1986 LVAH 45 38 5 10 16 22
Varginha 1987 LVA 36 32 14 23 25 32
Marilândia 1985 LVA 40 32 22 32 29 36
Venda Nova 1985 PVA 40 28 14 26 22 31
Brejão 1985 LVA 42 3 9 17 16 35
Patrocínio 1984 LVE 40 25 1 27 29 48
Batatais 1975 LVA 38 24 0 24 13 34
Mococa 1963 PVA 38 25 12 26 16 29
Pindorama 1953 LVA 20 15 15 22 26 -
Campinas 1946 LVE 35 25 5 18 12 15

Fonte: Santinato F. et al. (2020)

Na média geral de todos os experimentos selecionados obteve-se o seguinte:

Tabela 26. Resposta do cafeeiro à adubação orgânica na média de 27 ensaios de 1946 a 2019 em 18 municípios em São Paulo Sul de Minas Cerrado Mineiro Cerrado Bahiano Zona da Mata de Minas Gerais Chapada da Bahia Nordeste Pernambuco Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.

Opção de adubação Produtividade na média de 27 ensaios Aumento em relação a testemunha (%) Aumento em relação a Mineral (%)
Testemunha 14 - -
Mineral 30 116 -
Orgânica 26 84 -
Orgânica + Mineral 41 188 33

Fonte: Santinato F. et al. (2020).

Por fim com base em todos esses resultados da história resolvemos gerar uma tabela de recomendações com opções de fontes e doses para cada situação estudada nos experimentos. Lembre-se que nos ensaios foi possível notar que doses baixas não apresentaram respostas e doses excessivas reduziram as produtividades de forma que a dose correta de M.O deve obedecer critérios técnicos/agronômicos e não somente aplicar o que tiver disponível.

Tabela 27. Melhores doses respostas de adubação orgânica do cafeeiro em várias regiões e fontes.

Situação/local Melhores respostas testadas
Fonte Dose
Desde o Plantio Araxá Esterco de curral 10
Esterco de galinha 5 a 75
Palha de café 25 a 5
Esterco de galinha + Palha de café 5/25
Lavouras adultas em Araguari Esterco de Peu 3
Esterco de Peu + Palha de café 3/3
Palha de café 3 a 5
Esterco de galinha 5 a 7
Composto orgânico 5
Desde o Plantio Manhuaçu Esterco de galinha 5
Desde o Plantio Martins Soares Palha de café 10
Lavouras adultas em Nova Era Esterco de galinha 4 a 6
Desde o Plantio Garanhuns Esterco de ovinos 6 a 12
Lavouras adultas Carmo do Paranaíba Esterco de galinha 6
Lavouras adultas em Varginha Esterco de curral 10 a 20
Desde o Plantio Marilândia (Conillon) Esterco de galinha 16
 Desde o Plantio Venda Nova Esterco de galinha 8
Desde o Plantio Brejão Esterco de curral 17
Estado de São Paulo Esterco de curral 10
Palha de café 4 a 10
Desde o Plantio Patrocínio Esterco de galinha 3 a 6
Esterco de curral 9
Desde o Plantio Luis Eduardo Magalhães Esterco de curral 12 a 24
Esterco de galinha 6
Palha de café 4

Fonte: Santinato F. et al. (2020).

Jamais esqueça de fazer análises de teores de nutrientes e outros no material orgânico que pretende utilizar em sua lavoura. Isto pois os teores são muito variáveis em função da qualidade do material além da existência de fraudes. Em média as fontes orgânicas apresentam os seguintes teores:

Tabela 28. Análises químicas media de 8 anos das principais fontes orgânicas utilizadas na cafeicultura.

Resultados da análise química dos insumos
Períodos g kg-1 mg kg-1
N P K Ca Mg S Zn B Cu Mn
  Esterco de gado
Média de 8 anos 0.5 0.3 0.46 0.3 0.2 0.09 78 70 22 88
  Esterco de galinha
Média de 8 anos 2.2 2.2 1.1 8.9 0.8 0.75 145 80 99 426
  Palha de café
Média de 8 anos 0.98 0.38 3.6 0.4 0.12 0.21 71 31 18 31

*Os estercos utilizados com umidade média de 20% e a palha de café com 11%.

Para finalizar a recomendação de adubação orgânica a seguir um trabalho que reforça a importância da descompactação e incorporação da M.O no solo. Nesse caso a M.O é a produzida pela própria lavoura o cisco. O cafeeiro cicla cerca de 5.000 kg/ha de matéria seca oriunda de folhas com teor de 31 g/kg de N e 25 g/kg de K por exemplo fora os ramos e os materiais oriundos de podas. Trata-se de uma fonte muito rica. Esse e todos os demais ensaios instalados em Araguari foram realizados pelo futuro Engenheiro Agrônomo e amigo Reginaldo Oliveira Silva.

Tabela 29. Resposta do cafeeiro a adubação orgânica em Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) em Araguari MG (Cerrado) em lavoura adulta de 11 anos resultados na média de 4 safras.

Esterco de Peru Produtividade
t/ha Sacas/ha
Sem subsolar e sem voltar o cisco 35
Sem subsolar e voltar o cisco 44
Subsolar sem voltar o cisco 46
Subsolar e voltar o cisco 48

Fonte: Adaptado de Santinato R. et al. (2016) no º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

As análises de solo devem ser realizadas o quanto antes próximo do pico de extração da planta (maturação) a fim de haver tempo hábil para um correto planejamento agrícola com a compra dos insumos dentre eles a M.O. As respostas da M.O são maiores quanto antes aplicar sendo assim logo após o recolhimento do café de chão deve-se já aplicar a M.O preferencialmente juntamente com a calagem e em associação com uma escarificação leve (10 a 15 cm de profundidade).

Próximas revisões em andamento:

Parte 2 - Fósforo

Parte 3 - Calagem gessagem e Magnésio;

Parte 4 - Micronutrientes: B Cu Zn Mn e Fe;

Parte 5 – Nitrogênio e Potássio

Parte 6 - Irrigação e fertirrigação;

Parte 7 - Espaçamentos e Podas.

Dr. Felipe Santinato – Pesquisador e Consultor da Santinato Cafés; Pós doutorando IAC Campinas SP.

Engenheiro Agrônomo formado na UNESP Jaboticabal (05/08/2013) Mestre em Produção Vegetal pela UFV Rio Paranaíba (22/07/2014) Doutor em Produção Vegetal pela UNESP Jaboticabal (05/12/2016) trabalhando principalmente com Nutrição de plantas Colheita mecanizada do café e Agricultura de Precisão. Publicou dois livros 39 Artigos Científicos Nacionais e Internacionais 133 Trabalhos publicados na área cinco Capítulos de Livros nove Boletins Técnicos ministrou cerca de 69 palestras e treinamentos para agrônomos consultores e cafeicultores em todo território cafeeiro. Atualmente é aluno de Pós Doutorado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) aonde realiza pesquisas objetivando aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes na cafeicultura entendimento e redução da bienalidade produtiva e sustentabilidade do processo de produção de café. Também lidera um amplo projeto interinstitucional sobre resistência a seca bicho mineiro nematoides e produtividade com novas variedades em áreas irrigadas e de sequeiro em quatro localidades do Cerrado Mineiro e Goiano. Produz café em São Paulo e Minas Gerais presta consultoria em Fazendas e coordena  cinco Campos Experimentais (São João da Boa Vista SP; Patos de Minas MG; Rio Paranaíba MG; Araxá MG e João Pinheiro MG).

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